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Criança desmaia em escola: “Chorei ao notar que era fome”, diz professora.

Um aluno de oito anos desmaiou de fome na última segunda-feira, em uma escola do Cruzeiro, no Distrito Federal.

Ele é um dos estudantes carentes que moram no Paranoá Parque e que, todos os dias, viajam 30 km – quase sempre sem comer – para estudar na região.

“Assim que os alunos chegam, eu cumprimento um a um”, relembra ao UOL AnaCarolina Costa, professora do 2º Ano Fundamental. “Mas quando chegou a vez domenino, percebi que chorava”.

Segundo a professora, o menino estava com a mão no peito, coração disparado, passando mal. “Levei para a direção. Por duas vezes ele apagou. Não reagia.”

A professora acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e chamou os três irmãos do garoto, que também estudam na escola. “Eles ficaram calados, com caras de assustados.”

Questionados, os irmãos do garoto disseram que não tinham comido nada no domingo e que naquela segunda tinham tomado mingau de fubá (fubá, água e sal) antes de sair de casa.

“Quando a gente percebeu que era fome, eu saí de perto para chorar. O rapaz do Samu me olhou com uma cara de ‘que realidade é essa?’. E eu disse que é sempre assim. Eu tenho dois alunos que todos os dias reclamam de fome”, diz.

A Secretaria informou ainda que a família do garoto recebe Bolsa Família e DF Sem Miséria “Em agosto, a família recebeu uma cesta básica emergencial e hoje foi solicitada outra”, conclui a nota.

A professora reuniu outros membros da escola e foi levar uma cesta básica para a família do estudante. “A mãe nos disse que tinham o suficiente. Mas enquanto a gente conversava, só tinha uma panela de arroz sobre o fogão.

A criança mais nova toda hora enfiava a mão na panela para comer. Ter comida para eles em casa é ter fubá”, lamenta.

Muitas vezes, existem orgãos que ajudam pessoas carentes, mais os pais por desconhecimento, ou até mesmo por outras dificuldades, acabam não recebendo a ajuda que precisa..

Ana garante que mais estudantes passam fome em sua classe. “Dos meus 18 alunos, quatro chegam com fome todos os dias. É a metade que não come, mas esses quatro são muito carentes.”

Ela, então, vai à cantina, pega uma fruta e leva para uma criança ou outra “para conseguir enganar a barriga deles e conseguir dar aula até o intervalo”.

Procurada, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) “lamenta que o aluno tenha passado por esta situação”.

A pasta diz que “não foi informada formalmente sobre o problema” de merenda e que vai apurar “diretamente na escola, com o gestor da unidade, qual a real situação dos alunos para, em conjunto com a direção e coordenação regional de ensino, encontrar uma solução razoável”.

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